A Psicoterapia faz parte da área da saúde. Embora a definição de saúde não seja simples e suscite diversas respostas, sendo fruto de incontáveis debates, a Organização Mundial de Saúde (OMS) a define como “um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Nesse sentido, é imprescindível a cooperação entre diversas áreas para a promoção da saúde.

E qual é o papel do psicólogo e, especificamente do psicoterapeuta, neste processo? Na era da informação, da medicalização e de uma cultura que prioriza o corpo, é comum darmos atenção aos problemas psíquicos apenas quando estes tomam proporções extremas. O fato é que, assim como outros serviços de saúde, a psicoterapia não precisa ser um recurso de emergência e nem se reduzir apenas à prevenção de transtornos graves. Para além disso, e dentro do conceito de promoção de saúde, a psicoterapia deve ser encarada como um processo contínuo de cuidado e conhecimento de si na relação com o mundo. E neste processo, ao estarmos mais atentos às nossas necessidades, podemos experimentar formas mais espontâneas e menos automáticas no nosso dia-a-dia.

Com frequência, o sofrimento emocional está relacionado à repetição, paralisia, não criação e frustração das nossas ações no mundo, ou seja, ao desperdício de energia que nos fixa em uma única forma de agir, sem satisfação. Neste sentido, o processo de psicoterapia em Gestalt está voltado para o resgate e desenvolvimento de uma postura interdependente, criativa e mais livre na vida.

Na psicoterapia em Gestalt, a pessoa será acolhida e acompanhada por um profissional, que vai disponibilizando formas mais claras de tornar perceptível para a pessoa como ela discrimina e como faz escolhas nas situações em que esta envolvida, Na medida em que este processo se desenvolve, existe o resgate de uma maior autenticidade em suas relações, sejam elas amorosas, de amizade, familiares, profissionais.

O trabalho é sempre pautado no foco trazido pela pessoa como “autor do processo”. Como cada pessoa é única e singular, também é assim cada processo psicoterapêutico – único e original. Existe apenas um ponto comum que permeia todos os processos psicoterapêuticos nesta abordagem – o respeito pelas possibilidades e limites de cada pessoa que procura a psicoterapia, pois acreditamos que a dor e o sofrimento emocional precisam ser acolhidos e respeitados, já que muito possivelmente, nas suas vivências anteriores não o foram. O trabalho terapêutico se organiza, então, no sentido de que a pessoa aprenda a “se ver e se ouvir” mais claramente, encontrando possibilidades de resolução nas situações que trazem desconforto emocional, tornando-se mais “inteira”.