Nosso Modelo

A Gestalt

"Qualquer abordagem (...) de psicologia que não se esconda por detrás de um jargão profissional deve ser compreensível para o leigo (...) e deve ser fundamentada em fatos do comportamento humano. Caso contrário, há algo basicamente errado com ela. A psicologia lida, afinal de contas com um objeto do maior interesse para os seres humanos: nós próprios e os outros. A compreensão da psicologia e de nós mesmos deve ser consistente. Se não, não podemos compreender nem entender o que fazemos, não podemos pretender resolver nossos problemas nem esperar viver vidas gratificantes. Porém tal compreensão do self envolve mais do que o entendimento intelectual habitual. Requer sentimento e também sensibilidade."

Nosso intuito aqui é apresentar a Gestalt-terapia para o público de visitantes deste site, composto por alunos de Psicologia, de Formação e de Especialização, pessoas que se interessam pela Psicologia em geral e, principalmente pela Gestalt-terapia e pela Abordagem Gestáltica. Para um público mais amplo, as informações foram sintetizadas e simplificadas. Ao final deste texto, apresentamos referências que podem ajudar a elucidar questões iniciais que aqui foram contempladas.

A Gestalt-terapia é reconhecida como a terapia do contato. Estar em contato é a possibilidade de sentir, agir e refletir em vivências que fazem sentido para a pessoa na sua relação com o mundo. Para que essas vivências ocorram de forma saudável, é necessário que a capacidade de discriminar e fazer escolhas esteja disponível, possibilitando um encontro verdadeiro com o mundo que a rodeia e dando significado à vida, em um continuum de crescimento. Assim é a Gestalt-terapia; teoria que toma forma, promovendo sempre possibilidades de contato, respeitando a singularidade e escolha de cada pessoa nas relações que estabelece na vida e que a transformam.

Frederick Salomon Perls (1893-1970), conhecido como Fritz Perls, é considerado o fundador da Gestalt-terapia. Desde 1936, em um movimento de dissidência com a psicanálise freudiana, insatisfeito com as proposições adotadas até então no método clínico psicanalítico, rumou em direção ao desenvolvimento de um projeto terapêutico que, em 1951, passaria a denominar-se Gestalt-terapia. Com a ajuda de colaboradores que o auxiliaram a dar forma a um estilo próprio de trabalho, voltado para um fazer clínico que levava em conta a atenção da pessoa ao momento presente da situação terapêutica, foi construindo uma teoria e prática clínica sustentada em aportes advindos da Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo, Teoria Organísmica, filosofias de base fenomenológica, entre outros, e que tomou uma forma peculiar de sustentação teórica e ação terapêutica.

A palavra gestalt é um termo em alemão que não possui um referente exato na língua portuguesa e é mantido inalterado, nomeando a abordagem. Dentre as tentativas de tradução, a mais utilizada é “forma”. Esta, traz em si a concepção de um todo formado de partes que se interrelacionam. Sempre que uma parte é tocada, o todo se modifica, sendo esse um processo contínuo em qualquer situação de vida. Esta é uma maneira de ver o homem e o mundo na Gestalt-terapia: como estando sempre em processo, em movimento.

Este processo é a busca saudável por configurar formas capazes de abarcar as experiências na vida, possibilitando que cada pessoa possa reconhecer a si mesma em sua trajetória no tempo e no espaço, ou seja, no momento da situação em curso – também conhecida por aqui-e-agora. A Gestalt-terapia busca possibilitar a compreensão do processo singular de cada pessoa, identificando os aspectos sensoriais, as ações e os significados das experiências que ocorrem no campo dando-lhe sentido, ou seja, a forma como pessoa e meio estão em contato no presente em curso (este processo de contato é denominado Self).

A Gestalt-terapia reconhece uma forma de contato como saudável, ou criativo e outra forma que denomina de interrompida ou disfuncional. Quando o contato é fluido, ou seja, quando pessoa e meio estão continuamente em assimilação e crescimento, o contato criativo está em curso no campo. Quando, ao contrário, existem interrupções, dificuldades, evitações, inibições, e segue numa repetição continuada, temos então estabelecidos o que é disfuncional, ou não saudável. Na psicoterapia, cada forma de interrupção solicita intervenções específicas, observando as possibilidades e limites de cada pessoa e de cada situação. Tornando vívida a experiência imediata, o trabalho psicoterapêutico procura disponibilizar a retomada da fluidez ora interrompida, buscando que a pessoa possa ser protagonista das escolhas possíveis em sua vida e não mera expectadora de uma inexorável sucessão de causalidades no decorrer de sua existência.

Gestalt-terapeuta não faz interpretações. Não explica os porquês. Ao invés disso, é um “parceiro de caminhada” enquanto dura a terapia viabilizando, através de experimentações, que a pessoa conheça, nomeie e eleja os aspectos de sua existência que precisam de atenção, cuidado e ressignificação. O autor do processo é sempre a pessoa; é ela quem identifica os aspectos dolorosos e prazerosos de sua vivência; é ela quem convive consigo e sente como as coisas implicam em dor e sofrimento ou quando começam a melhorar. O terapeuta é, neste processo, seu companheiro de jornada.

A Gestalt-terapia é um referencial de trabalho que se presta a resgatar a saúde pelo respeito à alteridade, não buscando encaixar as pessoas num referencial teórico patológico “à priori”. O processo de psicoterapia nesta abordagem está voltado para o resgate e desenvolvimento de uma postura interdependente, criativa e livre no processo de vida. Esta é a ética subjacente ao caminho iniciado por Fritz Perls, juntamente a seus contemporâneos e compartilhado pelos profissionais que da Gestalt-terapia se acercaram, trabalhando ao longo dos anos para desenvolver teórica e tecnicamente a abordagem até os dias atuais como psicoterapeutas, pesquisadores e estudiosos no campo da Psicologia.

Vale acrescentar que o percurso de desenvolvimento da Gestalt-terapia contempla ainda a aplicação de tais aportes não apenas à psicoterapia, mas a outros campos de atuação. Neste sentido, a Abordagem Gestáltica confere um espaço bem mais amplo à aplicação da psicologia clínica, fazendo interface com a educação, a saúde pública, a justiça, as organizações, o esporte; dentre outros. Assim, disponibiliza sua forma criativa de trabalho para buscar compreender e intervir frente às necessidades da vida humana nas configurações mais plurais que esta é capaz de alcançar.

Referências bibliográficas

Iniciantes PERLS, F. Abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. São Paulo: Zahar, 1977. RODRIGUES. H. E. Introdução a Gestalt Terapia. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

Profissionais PERLS, F. Gestalt Terapia explicada. São Paulo: Summus, 1977. PERLS, F., HEFFERLINE, P. e GOODMAN, P. Gestalt Terapia. São Paulo: Summus, 1997.

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